TL;DR — Resumo rápido
- “Alfabetizado” no CNCA = criança com ≥ 743 no Saeb (2º ano).
- São Paulo avançou: 48,25% em 2024; próxima meta: 51,06%.
- Foco diário em leitura, escrita e fluência; uso social da língua.
- MEC entregou cantinhos de leitura (agora também para Educação Infantil).
- Formação continuada, avaliação para intervir e parceria com famílias.
- Equidade: atenção a território, raça/cor, deficiência e vulnerabilidade.

O que é “alfabetizado” no CNCA?
Tecnicamente, a criança é considerada alfabetizada se atinge 743 pontos ou mais na escala Saeb ao final do 2º ano. Esse corte indica habilidades mínimas de leitura e escrita com compreensão: ler palavras, frases e textos curtos, localizar informações explícitas, fazer inferências simples e escrever pequenos textos cotidianos (ainda que com alguns desvios).
Retrato de São Paulo: avanços e urgências
Apesar do avanço, 29% das escolas alfabetizam menos de 40% dos alunos e apenas 4% estão com 75% ou mais. É hora de acelerar com foco onde o direito ainda não chegou.
Os 5 eixos do Compromisso (e o que mudam na sala)
1) Governança
RENALFA, comitês e articuladores conectam formação, avaliação e infraestrutura para dar coerência à rede.
2) Avaliação
Serve para intervir, não para ranquear. Dados alimentam reagrupamentos e a escolha de textos e tarefas.
3) Reconhecimento
Selo e troca de práticas valorizam quem entrega com equidade.
4) Infraestrutura: cantinhos de leitura
Leitura diária dentro da própria sala, acervo visível e variado, empréstimo simples e objetivo pedagógico claro.
5) Formação continuada
Modelagem de práticas, estudo-ação, pares experientes apoiando iniciantes e recomposição também para adultos.
Rotina diária que funciona
- 10’ Leitura pelo professor: texto inteiro, prosódia e perguntas (literal + inferência).
- 15’ Leitura pelo estudante: silenciosa/duplas; registro curtíssimo.
- 10’ Escrita modelada: bilhete, legenda ou mini-resumo com planejamento visível.
- 15’ Escrita do estudante: produção curta com propósito real.
- 5’ Fluência: leitura em voz alta pareada, trocando pares semanalmente.
Reagrupamentos guiados por dados
Turma heterogênea pede intervenção focalizada. Com sondagens, forme 3 grupos:
- Grupo C: hipóteses iniciais — consciência fonêmica, som-letra, palavras regulares.
- Grupo B: transição — frases curtas, ditado focal e leitura guiada.
- Grupo A: próximo/≥743 — textos de 80–120 palavras e perguntas inferenciais.
Rotação (20’): Professor + C | Apoio + B | A autônomo. Todos aprendem, cada um no que precisa.
Cantinhos de leitura: infraestrutura que vira cultura
- Livros visíveis e ao alcance, 30–50 títulos em rotação.
- Gêneros variados (bilhete, HQ, notícia, conto, poesia).
- Acervo representativo (autores/personagens negros e indígenas).
- Empréstimo simples (caderninho) e uso diário planejado.
Famílias: cinco minutos que valem ouro
Micro-rotinas viáveis mantêm o eixo casa–escola:
- Texto curtinho semanal + 2 perguntas para conversar em casa.
- Jogos orais com palavras de alta frequência (sem precisar de cópias).
- Devolutiva leve (“ok, lido!”) ou desenho/legenda da criança.
Formação continuada: teoria que encontra a lousa
- Modelagem: formador demonstra leitura pelo professor com perguntas.
- Estudo-ação: aplica na turma, volta, analisa e ajusta.
- Pares experientes: reduzem ansiedade e ampliam repertório.
- Recomposição docente: atualização contínua também para adultos.
Equidade e inclusão que saem do papel
- Frequência e permanência: busca ativa e apoio.
- Acessibilidade: pictos, fonte ampliada, pranchas e tempo estendido quando necessário.
- Planos funcionais via CEFAI/NA-PA.
- Acervo representativo e prática antirracista.
Indicadores práticos (verificados em minutos)
- Palavras de alta frequência (60s): % que lê com acurácia adequada.
- Compreensão literal: % que acerta 2/3 após texto de 80–120 palavras.
- Uso do cantinho: dias/semana com leitura registrada + empréstimos.
Perguntas frequentes
O que é o “743” e por que importa?
É o ponto de corte na escala Saeb que indica alfabetização mínima no 2º ano. Ajuda a focar apoio, corrigir rotas e monitorar a evolução — é piso, não teto.
“Alfabético” é igual a “alfabetizado”?
Não. “Alfabético” é decodificar; “alfabetizado” é ler com compreensão e escrever pequenos textos com autonomia.
O que mais faz diferença na prática?
Rotina diária de leitura, escrita e fluência; reagrupamentos semanais com base em dados e micro-tarefas para famílias.
Cantinho de leitura é obrigatório?
É infraestrutura pedagógica recomendada pelo MEC: acervo acessível, gêneros variados, empréstimo simples e uso diário planejado.
Como avaliar sem burocratizar?
Sondagens leves (palavras de alta frequência, texto curto e produção breve) que geram planos rápidos e reavaliações a cada 3 semanas.
Como garantir inclusão e equidade?
Apoio à frequência, acessibilidade, planos funcionais via CEFAI/NA-PA, acervo representativo e prática antirracista.