pt-br

Progressão da Carreira dos Professores em São Paulo

Home > Educação > Carreira Docente > Progressão da Carreira dos Professores em São Paulo

Reforma da Carreira Docente em São Paulo: Análise das Mudanças Propostas

O que o governo de São Paulo, comandado por Tarcísio de Freitas, enviou para a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) não é um ajuste pontual, é uma reformulação ampla da carreira dos professores da rede estadual — e está sendo percebida por muitos profissionais e sindicatos como uma mudança profunda, que mexe com direitos existentes e com a forma como a progressão na carreira funciona hoje.

Progressão da Carreira dos Professores em São Paulo - Análise completa da reforma proposta pelo governo estadual para o magistério paulista

Progressão da Carreira dos Professores em São Paulo: Entenda as Mudanças Propostas

Análise detalhada do Projeto de Lei n° 1316/2025 que reformula a progressão funcional e avaliação de desempenho dos professores da rede estadual paulista, com impactos na carreira docente.

© Pro Atitude Educacional | Especialistas em Carreira Docente
carreira docente São Paulo Tarcísio de Freitas Alesp avaliação de desempenho progressão na carreira
Robson Silva - Especialista em Educação

Robson Silva

Pedagogo, Professor, Coordenador Pedagógico e Diretor Escolar

Formado em Pedagogia no Centro Universitário Fundação Santo André e com mais de 20 anos de experiência como professor, coordenador pedagógico e diretor de escola em São Paulo. Especialista em políticas educacionais e carreira docente.

Resumo Executivo

A proposta de reforma da carreira docente em São Paulo altera profundamente as regras de progressão, avaliações e movimentações dos professores. O projeto coloca a avaliação de desempenho no centro da progressão, introduz a possibilidade de remoção compulsória por desempenho insatisfatório e reformula regras de faltas e benefícios, sem detalhar os critérios objetivos de avaliação no texto da lei.

Atenção: Este artigo apresenta uma análise detalhada da proposta com base no texto do projeto de lei e nas manifestações de especialistas e entidades representativas. As informações estão atualizadas até dezembro de 2025.

Contexto Básico

O projeto é um Projeto de Lei enviado pelo governo estadual à Alesp no fim de 2025, com regime de urgência, que pretende alterar as regras de progressão de carreira, avaliações e movimentações dos profissionais de educação — isso inclui professores, coordenadores, diretores e outros integrantes do magistério e do quadro de apoio pedagógico.

O governo apresenta a proposta como uma forma de "modernizar" e "tornar mais transparente" o sistema de carreira, aproximando-o de critérios de desempenho "técnicos e previsíveis". Mas a forma como o texto está redigido e o alcance das mudanças geraram intensa preocupação entre docentes e suas representações sindicais.

Progressão da Carreira dos Professores em São Paulo O que o governo quer mudar? A progressão deixa de ser baseada principalmente em tempo e títulos e passa a depender da avaliação anual de desempenho. A proposta permite remoção por desempenho, mesmo sem falta disciplinar.

Ilustração: Projeto de Lei com regime de urgência

O que muda na progressão de carreira

1. Avaliação de desempenho passa a ser central

Hoje, os professores avançam na carreira com base em regras que combinam tempo de serviço, formação (como mestrado e doutorado) e outros fatores previstos em lei.

A proposta coloca a avaliação de desempenho no centro dessa progressão, tornando-a um critério obrigatório para promoções e para o recebimento de bonificações. Isso vale não apenas para professores, mas também para diretores e coordenadores.

Ponto crítico: O governo alega que isso trará padronização e organização, mas os critérios específicos ainda não estão descritos no texto e ficaram para serem definidos por decretos ou portarias posteriores. Essa indefinição é um dos principais pontos de crítica porque, sem parâmetros claros, a avaliação fica aberta a interpretações e mudanças administrativas.

2. Remoção de ofício por desempenho

O projeto introduz a possibilidade de remoção compulsória ("de ofício"), ou seja, o professor pode ser deslocado para outra escola porque seu desempenho foi considerado insatisfatório.

Hoje, transferências e remoções têm regras mais restritas (por exemplo, por concurso de títulos ou por vaga disponível). A nova redação amplia a possibilidade de deslocar servidores sem o seu consentimento, com base nas avaliações previstas no projeto.

Essa mudança é vista por muitos docentes como uma forma de fragilizar a estabilidade funcional, que é um dos pilares da carreira pública.

3. Novas regras para faltas e descontos

O texto também modifica como faltas são contabilizadas e como isso impacta vantagens existentes, como o Adicional de Local de Exercício (ALE). Por exemplo, faltas em aulas podem ser convertidas em desconto de dias inteiros, o que altera a lógica de contabilização da carga horária e pode impactar o pagamento de adicionais e bonificações.

Essas alterações técnicas nas regras de presença e faltas podem tornar mais rígido o controle de frequência e a elegibilidade para progressão funcional ou pagamento de benefícios.

Impacto na prática: análise por fase da carreira

Professor iniciante (até 5 anos de carreira)

Como é hoje: O início da carreira já é difícil, mas o professor sabe, com razoável previsibilidade, quando e como vai progredir: tempo de serviço, cursos, títulos e avaliações formais com critérios definidos em lei.

Com o novo projeto: A progressão passa a depender fortemente da avaliação anual de desempenho, cujos critérios ainda não estão claros no texto da lei. O professor iniciante fica mais vulnerável à gestão local e uma avaliação negativa pode atrasar a progressão por anos.

Efeito real: início de carreira mais instável, com pressão constante por resultados e metas que o professor não controla totalmente.

Professor efetivo, em meio de carreira (10 a 20 anos)

Como é hoje: Esse professor já construiu sua trajetória, conhece a rede, investiu em formação e conta com direitos consolidados, inclusive a previsibilidade de evolução salarial ao longo do tempo.

Com o novo projeto: Mesmo quem já está efetivo e estável pode ter a progressão interrompida por avaliações desfavoráveis, ser removido de ofício para outra escola por "baixo desempenho" ou perder vantagens vinculadas à frequência e à avaliação.

Efeito real: insegurança permanente. O professor continua efetivo, mas passa a trabalhar sob a lógica do risco constante de punição administrativa.

Professor próximo da aposentadoria

Como é hoje: O professor perto de se aposentar costuma focar em fechar tempo de serviço, manter direitos e preservar sua remuneração final.

Com o novo projeto: Avaliações negativas podem impedir progressões finais, afetar adicionais e impactar o cálculo da aposentadoria, direta ou indiretamente.

Efeito real: anos finais da carreira passam a ser vividos sob tensão, mesmo após décadas de serviço.

Fase da Carreira Sistema Atual Com a Reforma Principal Mudança
Iniciante (0-5 anos) Progressão por tempo + formação Progressão por avaliação de desempenho Previsibilidade reduzida
Meio de carreira (10-20 anos) Estabilidade e direitos consolidados Risco de interrupção da progressão Insegurança funcional
Pré-aposentadoria Foco em fechar tempo de serviço Risco de impacto na aposentadoria Tensão nos anos finais
Coordenadores/Diretores Gestão pedagógica Pressão por resultados e avaliação Mudança no foco da atuação

Críticas dos professores e sindicatos

Professores e entidades como o Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) criticam o projeto por vários pontos:

  • A avaliação anual pode funcionar como mecanismo punitivo, se os critérios não forem objetivos e previamente definidos;
  • A remoção por desempenho abre margem para pressões administrativas e insegurança no cargo;
  • A falta de critérios claros no texto centraliza poder decisório na Secretaria de Educação via decretos ou portarias posteriores;
  • A proposta pode reduzir a autonomia dos professores e fragilizar direitos que hoje estão garantidos na carreira.

O sindicato classificou a proposta como um "ataque sem precedentes" à carreira e convocou mobilizações contra a aprovação do projeto na Alesp, justamente por causa dessas preocupações.

Argumentos do governo

Do lado do governo e da Secretaria da Educação, a justificativa oficial é que o projeto:

  • Atualiza normas da carreira, que não teriam sido revisadas em anos recentes;
  • Padroniza a progressão anual entre diferentes categorias da rede (professores, diretores, coordenadores, apoio pedagógico);
  • Melhora a gestão da carreira e das avaliações, tornando-as mais técnicas;
  • Organiza regras de faltas e carga horária com critérios uniformes.

A secretaria afirma que essas mudanças tornarão o sistema mais "técnico e previsível", com foco em metas educacionais.

Perguntas Frequentes sobre a Reforma

Quais são as principais mudanças propostas na reforma?

As principais mudanças incluem: (1) Centralidade da avaliação de desempenho para progressão na carreira; (2) Possibilidade de remoção compulsória por desempenho insatisfatório; (3) Reformulação das regras de faltas e descontos; (4) Ausência de critérios objetivos de avaliação no texto da lei, deixando para regulamentação posterior.

Como a reforma afeta a estabilidade do servidor público?

A estabilidade jurídica permanece, mas a estabilidade funcional real é fragilizada. O professor efetivo continua no cargo, mas pode ter sua progressão interrompida, ser removido para outra escola ou ter benefícios cortados com base em avaliações de desempenho.

Quais são os próximos passos para a aprovação do projeto?

O projeto foi enviado com regime de urgência à Alesp. Agora passará por comissões temáticas antes de ir ao plenário para votação. Professores e sindicatos estão organizando mobilizações para pressionar os deputados a rejeitarem ou modificarem substancialmente a proposta.

Os critérios de avaliação de desempenho já estão definidos?

Não. Este é um dos pontos mais críticos da proposta. Os critérios específicos de avaliação não estão descritos no texto do projeto de lei e ficarão para serem definidos por decretos ou portarias posteriores, o que gera insegurança sobre os parâmetros que serão utilizados.

Em resumo

  • O projeto coloca a avaliação de desempenho no centro da progressão e das promoções, o que pode mexer profundamente na forma como professores avançam na carreira.
  • Ele introduz a possibilidade de remoções compulsórias com base nas avaliações.
  • Reformula regras de faltas e da contabilização de benefícios como o ALE.
  • Não detalha, no próprio texto, os critérios objetivos de avaliação, deixando isso para regulamentação posterior, o que preocupa a categoria.
  • Professores e sindicatos criticam a proposta por considerar que ela pode reduzir direitos históricos, fragilizar a estabilidade e precarizar condições de trabalho.

Conclusão: Em termos gerais, essa mudança não é apenas uma atualização técnica: ela altera a lógica de carreira docente, passando de um sistema mais previsível (tempo + formação + critérios claros) para outro em que os resultados de avaliações anuais passam a determinar avanços, permanência e até mobilidade forçada, com critérios ainda não completamente definidos no texto.

Recursos para Professores

  • Texto completo do projeto de lei
  • Guia de direitos dos professores
  • Contatos das entidades sindicais

Projeto de Lei n° 1316/2025

Visualize o documento oficial que propõe as alterações nas regras de progressão e avaliação do magistério paulista.

Abrir PDF em nova janela

Linha do tempo da proposta

  • Out 2025: Elaboração do projeto
  • Nov 2025: Envio à Alesp com urgência
  • Dez 2025: Análise nas comissões
  • Jan 2026: Previsão de votação

Impacto estimado

  • Professores afetados: ~200.000
  • Escolas impactadas: ~5.000
  • Alunos impactados: ~3.5 milhões

Contato Pro Atitude

Análise clara e aprofundada sobre o projeto que altera as regras da progressão da carreira docente na rede estadual de São Paulo.

Progressão da Carreira dos Professores em São Paulo
Progressão da Carreira dos Professores em São Paulo