Desempenho dos Alunos Brasileiros em Matemática no TIMSS

25/01/2025
Desempenho em matemáticas dos alunos brasileiros
Desempenho em matemáticas dos alunos brasileiros

Análise do desempenho dos estudantes brasileiros em matemática no exame internacional TIMSS, destacando desafios e oportunidades na educação.

Desempenho Insatisfatório de Alunos Brasileiros em Exame Internacional Revela Crise na Educação

Estudantes brasileiros, incluindo os de escolas privadas, apresentam resultados preocupantes em avaliações internacionais de matemática, evidenciando desafios na educação nacional.  

Recentemente, os resultados de avaliações internacionais trouxeram à tona uma realidade alarmante: estudantes brasileiros, inclusive aqueles matriculados em instituições privadas, estão apresentando desempenhos abaixo do esperado, especialmente em matemática. Este cenário evidencia uma crise profunda na educação do país, que afeta tanto o ensino público quanto o privado.

Desempenho dos Alunos Brasileiros no TIMSS

O Trends in International Mathematics and Science Study (TIMSS)³ é uma avaliação global que mede o conhecimento de alunos do 4º e 8º anos em matemática e ciências. De acordo com os dados mais recentes, o Brasil ficou entre os piores colocados no ranking geral. Especificamente, alunos do 4º ano de escolas privadas alcançaram uma média de 469,7 pontos em matemática, classificando-se no nível intermediário. No entanto, esse resultado ainda é inferior ao de países como Azerbaijão, Cazaquistão e Macedônia, que atingiram o nível alto. No 8º ano, a média dos estudantes de escolas particulares foi de 469,9 pontos, também abaixo da média internacional de 478 pontos¹.

Comparativo com Outras Nações

Embora alunos de escolas privadas tenham apresentado desempenho superior aos de instituições públicas, seus resultados ainda ficam aquém quando comparados internacionalmente. Por exemplo, enquanto estudantes no nível intermediário conseguem realizar operações básicas, como adicionar números decimais e medir distâncias simples, aqueles no nível alto dominam frações, decimais e conceitos geométricos mais complexos. Apenas 1% dos alunos brasileiros atingiram o nível máximo de proficiência em matemática, tanto no 4º como no 8º ano.

Análise do Desempenho no PISA

O Programme for International Student Assessment (PISA) é outra avaliação de destaque que mede habilidades de leitura, ciências e matemática de estudantes de 15 anos. Na edição de 2022, alunos de escolas particulares brasileiras obtiveram uma média de 456 pontos em matemática, 16 pontos abaixo da média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Em leitura e ciências, os resultados foram mais positivos, com médias de 500 e 493 pontos, respectivamente, superando a média da OCDE².

Causas do Desempenho Insatisfatório

Especialistas apontam para problemas estruturais na educação brasileira que afetam tanto o ensino público quanto o privado. Cláudia Costin, ex-diretora global de educação do Banco Mundial, destaca a formação inadequada dos professores como um dos principais fatores. Ela observa que muitos docentes de escolas privadas não passaram em concursos para o ensino público, indicando possíveis lacunas em sua formação. Além disso, a prevalência de cursos de licenciatura a distância, que representam 90% das matrículas em faculdades particulares, pode comprometer a qualidade da formação docente.

Impacto da Formação de Professores

A formação teórica predominante nos cursos de licenciatura é uma preocupação. Costin compara essa abordagem à formação de médicos sem prática clínica, enfatizando a necessidade de uma preparação mais prática para os futuros professores. O Ministério da Educação (MEC) reconhece esse desafio e, em 2023, estabeleceu diretrizes limitando a carga horária de cursos a distância em 50% para cursos de formação de professores.

Oportunidades para Melhoria

A participação do Brasil em avaliações como o TIMSS e o PISA oferece uma oportunidade valiosa para reavaliar e aprimorar o currículo escolar. Ilona Becskeházy, doutora em política educacional pela USP, sugere que o país poderia aprender com nações asiáticas, como Singapura e Hong Kong, conhecidas por seus currículos de matemática de alta qualidade. Ela também destaca a importância de elevar as expectativas educacionais para as futuras gerações¹.



Conclusão

Os resultados insatisfatórios de estudantes brasileiros em avaliações internacionais, incluindo aqueles de escolas privadas, evidenciam uma crise educacional que transcende o setor público. É imperativo que o Brasil reavalie suas práticas educacionais, com foco na formação de professores, revisão curricular e estabelecimento de expectativas mais elevadas para seus alunos. Somente através de uma abordagem abrangente e comprometida será possível reverter esse cenário e garantir uma educação de qualidade para todos.

Fontes:

As referências bibliográficas utilizadas para a elaboração do artigo são:

  1. Vilela, M. P. (2024, 28 de dezembro). Desempenho fraco de alunos de escolas privadas em matemática expõe crise estrutural da educação no Brasil. Gazeta do Povo. Disponível em: https://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/desempenho-fraco-escolas-privadas-timss-2023/

  2. Federação Nacional das Escolas Particulares (FENEP). (2023, dezembro). A Escola Particular Brasileira e os resultados do Pisa 2022. Disponível em: https://www.fenep.org.br/wp-content/uploads/2023/12/A-Escola-particular-brasileira-e-os-resultados-do-Pisa-2022-1.pdf

  3. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). (n.d.). Estudo Internacional de Tendências em Matemática e Ciências (TIMSS). Recuperado em 25 de janeiro de 2025, de https://www.gov.br/inep/pt-br/areas-de-atuacao/avaliacao-e-exames-educacionais/timms